O
fim do mundo não aconteceu, e agora?
Santiago Torrente Perez
Ainda
bem que o fim do mundo catastrófico que muita gente esperava acabou não
acontecendo, o que será que nos aguarda no futuro? Bem quem me conhece sabe que
não sou muito dado a previsões, pois de
modo geral quem as faz tem uma margem de erro bem alta, mas por outro lado parece que há algo como uma
transformação acontecendo, embora incipiente e paulatina., posso estar enganado
mas tenho a impressão de que de alguma forma os povos do mundo estão, cada um
ao seu modo, buscando alternativas para ter uma vida mais digna e humana.
Gosto
de me basear no conhecimento desenvolvido por pesquisas, estatísticas, dados e
as tendências que eles apontam, e segundo os últimos levantamentos muita coisa
irá mudar até o final do século, nos individualizaremos ainda mais o que vai
acarretar uma mudança ainda maior nas relações familiares, a tecnologia
continuará seu avanço para maior integração, comunicação e controle de nossas
atividades, seremos cada vez mais conscientes de nossa situação social e
política tanto local como globalmente.
Mas
voltando ao tema do fim do mundo, no tempo que tenho de vida essa, se não me
engano, já foi a terceira vez que o fim do mundo é esperado e acaba não
acontecendo. Acho que está mais do que na hora das pessoas se darem conta de
que há coisas imprevisíveis e mesmo que acreditemos no que foi dito ou escrito
por alguém que confiamos, não necessariamente aquilo é verdade ou acontecerá da
maneira como interpretamos.
Acredito
que nessas especulações acerca do fim do mundo ou algo catastrófico que nos
tire do mapa ou nos force a mudar tem a
ver com desejos coletivos inconscientes por transformação de nossa forma de
agir, ser, sentir e pensar sobre nós, os outros e o mundo.
Algumas
suposições fazem crer que a transição será amparada por seres extraterrestres,
angelicais ou algo semelhante que virão para ajudar a humanidade, por outro
lado há os que dizem que não há mais saída que estamos no caminho de nossa
extinção e só nos cabe ir levando como podemos até o desenlace dessa
catástrofe.
Pessoalmente
não acredito que haja ajuda de extraterrestres ou seres divinos, pelo menos não
da maneira descrita pelos profetas, tenho a impressão de que estamos aqui por
nossa conta e risco, mas há alternativas antes de que cheguemos a nos extinguir. Tampouco acredito em soluções coletivas, em
meus estudos até aqui não vi que nenhum movimento dito coletivo tenha alcançado
os objetivos pretendidos, na realidade todos nada mais foram do que movimentos
guiados por determinadas lideranças que ao conseguir seu intuito, que era
chegar ao poder político do seu grupo, deixarem de lado os ideais nobres pelos
quais tinham convencido seu povo a lutar.
Até
agora nossos lideres não chegaram a um denominador comum acerca de como seguir
com nossa evolução planetária, e assim parecem não se preocupar muito com nossa
continuidade na Terra.
Acredito
muito mais na autotransformação, busca autônoma de conhecimento e discernimento
pelos quais me torne um ser humano em seu mais profundo significado e que seja
digno de assim ser chamado. Se todos buscassem aprender mais acerca de si
mesmos e como seus processos inconscientes interferem em seu cotidiano quem
sabe pudéssemos ter uma sociedade mais justa e humana.
Costumo
dizer em minhas aulas que somos indivíduos, conscientes, capazes de escolha e
portanto responsáveis pelo que escolhemos. Mas na verdade nossas escolhas são
limitadas pelo que temos como padrão de comportamento em nossa sociedade, só
podemos nos tornar mais livres e autênticos se aprendemos com os demais
indivíduos e culturas formas diferentes de ser, sentir, agir e pensar.
Como
já disse Einstein em algum lugar “É mais fácil romper um átomo do que romper um
hábito” e ai está boa parte de nossos problemas, estamos tão habituados a
certas formas de pensar e agir que achamos que estas são naturais e imutáveis.
Somos
os seres menos pré-programados da natureza, mas por viver em sociedade
desenvolvemos hábitos mentais e de comportamento que de certa forma conformam
uma programação. Sendo que alguns deles estão necessitando uma urgente
atualização às necessidades do mundo contemporâneo.
A
primeira tem a ver com o processo de individualização contemporâneo: é a busca
pelo autoconhecimento, desenvolvimento pleno de potenciais e discernimento. E a
partir disso estabelecer uma compreensão maior das relações interpessoais,
sociais e globais. Como ouvi de um palestrante há algum tempo atrás: “ Quanto
mais próximo estou de mim, mais próximo estou dos outros”, pois ao me conhecer posso criar empatia com
os demais e estabelecer relações mais humanas.
Também
implica de autonomia, liberdade e a responsabilidade correspondente. Este
processo está sendo bastante auxiliado pelas tecnologias de conhecimento e
comunicação.
Talvez
enfim sejamos adultos, porque até agora temos agido como crianças ou
adolescentes, que esperam que “alguém” venha resolver as enrascadas que nos
metemos. Lamento mas ninguém virá para isso, quando muito nos indicará o que
fazer.
Quem
sabe também tenhamos uma relação mais saudável com a espiritualidade, invés de
realizarmos rituais muitas vezes vazios de espírito mas cheios de ilusões,
pantomimas e teatralizações, comecemos a perceber o espírito que habita cada um
de nós e nos une, como a uma família, construindo enfim o paraíso na Terra.
Isto vai ser um pouco difícil já que a maioria das pessoas que creem em algo
estão mais parecidas a torcidas uniformizadas defendendo seus símbolos
religiosos, do que realmente entender o significado desses símbolos e como podem
auxiliar no sua busca da verdade espiritual.
Por
favor, antes de me criticar observe como se comporta, o que anda fazendo em
relação à isso. Eu respeito todas as religiões mas me dou o direito de criticar
como elas são exercidas pelos seus representantes, aliás dificilmente confio em
algum deles, prefiro tirar minhas próprias conclusões das minhas experiências
sobre esse assunto, não aceito dogmas, normas limitadoras e antinaturais sem
sentido, prefiro pesquisar muito, pois quero ter claro o que é a espiritualidade
e como estabelecer uma relação melhor com ela.
Há
também implicações políticas pois ao buscarmos maior autonomia e liberdade nos
tornamos mais críticos de nossos representantes e vamos procurar fazer que eles
se tornem mais responsáveis pelas suas ações, vindo a realmente representar
nossos reais interesses. Não mais seguiremos cegamente seus discursos, espero
que façamos ao contrário, eles é quem deverão seguir o que determinamos, como
era feito nas tribos indígenas onde o chefe liderava seu grupo a alcançar o que
este determinava.
Mas
isso só será possível se cada um de nós começar a sua transformação, ou seja
por fim em seu mundo ideal, dogmático e irracional, reconstruí-lo atualizando o
que for necessário para seguir em frente como um ser humano pleno, pertencente
a uma espécie única no planeta, mas irmanada às demais.
Então
está preparado(a) a fazer sua parte?
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