Translate

27/12/2012

O fim do mundo não aconteceu, e agora?


O fim do mundo não aconteceu, e agora?

Santiago Torrente Perez


Ainda bem que o fim do mundo catastrófico que muita gente esperava acabou não acontecendo, o que será que nos aguarda no futuro? Bem quem me conhece sabe que não sou muito dado a previsões,  pois de modo geral quem as faz tem uma margem de erro bem alta,  mas por outro lado parece que há algo como uma transformação acontecendo, embora incipiente e paulatina., posso estar enganado mas tenho a impressão de que de alguma forma os povos do mundo estão, cada um ao seu modo, buscando alternativas para ter uma vida mais digna e humana.
Gosto de me basear no conhecimento desenvolvido por pesquisas, estatísticas, dados e as tendências que eles apontam, e segundo os últimos levantamentos muita coisa irá mudar até o final do século, nos individualizaremos ainda mais o que vai acarretar uma mudança ainda maior nas relações familiares, a tecnologia continuará seu avanço para maior integração, comunicação e controle de nossas atividades, seremos cada vez mais conscientes de nossa situação social e política tanto local como globalmente.
Mas voltando ao tema do fim do mundo, no tempo que tenho de vida essa, se não me engano,  já foi a terceira vez que o  fim do mundo é esperado e acaba não acontecendo. Acho que está mais do que na hora das pessoas se darem conta de que há coisas imprevisíveis e mesmo que acreditemos no que foi dito ou escrito por alguém que confiamos, não necessariamente aquilo é verdade ou acontecerá da maneira como interpretamos.
Acredito que nessas especulações acerca do fim do mundo ou algo catastrófico que nos tire do mapa ou nos force a mudar tem  a ver com desejos coletivos inconscientes por transformação de nossa forma de agir, ser, sentir e pensar sobre nós, os outros e o mundo.  
Algumas suposições fazem crer que a transição será amparada por seres extraterrestres, angelicais ou algo semelhante que virão para ajudar a humanidade, por outro lado há os que dizem que não há mais saída que estamos no caminho de nossa extinção e só nos cabe ir levando como podemos até o desenlace dessa catástrofe.
Pessoalmente não acredito que haja ajuda de extraterrestres ou seres divinos, pelo menos não da maneira descrita pelos profetas, tenho a impressão de que estamos aqui por nossa conta e risco, mas há alternativas antes de que cheguemos a nos extinguir.  Tampouco acredito em soluções coletivas, em meus estudos até aqui não vi que nenhum movimento dito coletivo tenha alcançado os objetivos pretendidos, na realidade todos nada mais foram do que movimentos guiados por determinadas lideranças que ao conseguir seu intuito, que era chegar ao poder político do seu grupo, deixarem de lado os ideais nobres pelos quais tinham convencido seu povo a lutar.
Até agora nossos lideres não chegaram a um denominador comum acerca de como seguir com nossa evolução planetária, e assim parecem não se preocupar muito com nossa continuidade na Terra.
Acredito muito mais na autotransformação, busca autônoma de conhecimento e discernimento pelos quais me torne um ser humano em seu mais profundo significado e que seja digno de assim ser chamado. Se todos buscassem aprender mais acerca de si mesmos e como seus processos inconscientes interferem em seu cotidiano quem sabe pudéssemos ter uma sociedade mais justa e humana.
Costumo dizer em minhas aulas que somos indivíduos, conscientes, capazes de escolha e portanto responsáveis pelo que escolhemos. Mas na verdade nossas escolhas são limitadas pelo que temos como padrão de comportamento em nossa sociedade, só podemos nos tornar mais livres e autênticos se aprendemos com os demais indivíduos e culturas formas diferentes de ser, sentir, agir e pensar.
Como já disse Einstein em algum lugar “É mais fácil romper um átomo do que romper um hábito” e ai está boa parte de nossos problemas, estamos tão habituados a certas formas de pensar e agir que achamos que estas são naturais e imutáveis.
Somos os seres menos pré-programados da natureza, mas por viver em sociedade desenvolvemos hábitos mentais e de comportamento que de certa forma conformam uma programação. Sendo que alguns deles estão necessitando uma urgente atualização às necessidades do mundo contemporâneo.
A primeira tem a ver com o processo de individualização contemporâneo: é a busca pelo autoconhecimento, desenvolvimento pleno de potenciais e discernimento. E a partir disso estabelecer uma compreensão maior das relações interpessoais, sociais e globais. Como ouvi de um palestrante há algum tempo atrás: “ Quanto mais próximo estou de mim, mais próximo estou dos outros”,  pois ao me conhecer posso criar empatia com os demais e estabelecer relações mais humanas.
Também implica de autonomia, liberdade e a responsabilidade correspondente. Este processo está sendo bastante auxiliado pelas tecnologias de conhecimento e comunicação.
Talvez enfim sejamos adultos, porque até agora temos agido como crianças ou adolescentes, que esperam que “alguém” venha resolver as enrascadas que nos metemos. Lamento mas ninguém virá para isso, quando muito nos indicará o que fazer.
Quem sabe também tenhamos uma relação mais saudável com a espiritualidade, invés de realizarmos rituais muitas vezes vazios de espírito mas cheios de ilusões, pantomimas e teatralizações, comecemos a perceber o espírito que habita cada um de nós e nos une, como a uma família, construindo enfim o paraíso na Terra. Isto vai ser um pouco difícil já que a maioria das pessoas que creem em algo estão mais parecidas a torcidas uniformizadas defendendo seus símbolos religiosos, do que realmente entender o significado desses símbolos e como podem auxiliar no sua busca da verdade espiritual.
Por favor, antes de me criticar observe como se comporta, o que anda fazendo em relação à isso. Eu respeito todas as religiões mas me dou o direito de criticar como elas são exercidas pelos seus representantes, aliás dificilmente confio em algum deles, prefiro tirar minhas próprias conclusões das minhas experiências sobre esse assunto, não aceito dogmas, normas limitadoras e antinaturais sem sentido, prefiro pesquisar muito, pois quero ter claro o que é a espiritualidade e como estabelecer uma relação melhor com ela.
Há também implicações políticas pois ao buscarmos maior autonomia e liberdade nos tornamos mais críticos de nossos representantes e vamos procurar fazer que eles se tornem mais responsáveis pelas suas ações, vindo a realmente representar nossos reais interesses. Não mais seguiremos cegamente seus discursos, espero que façamos ao contrário, eles é quem deverão seguir o que determinamos, como era feito nas tribos indígenas onde o chefe liderava seu grupo a alcançar o que este determinava.
Mas isso só será possível se cada um de nós começar a sua transformação, ou seja por fim em seu mundo ideal, dogmático e irracional, reconstruí-lo atualizando o que for necessário para seguir em frente como um ser humano pleno, pertencente a uma espécie única no planeta, mas irmanada às demais.
Então está preparado(a) a fazer sua parte?