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18/07/2010

Jogo do Despertar

Jogo do Despertar
Santiago Torrente Perez


Imagino que a consciência possa ter prevalecido na evolução porque conhecer os sentimentos causados pelas emoções era absolutamente indispensável para a arte de viver, e porque a arte de viver foi um tremendo sucesso na história da natureza. Mas não me incomodarei se você preferir deturpar minhas palavras e disser apenas que a consciência foi inventada para que pudéssemos tomar conhecimento da vida. Obviamente, do ponto de vista científico o fraseado não e correto mas eu gosto dele. (António Damásio)

Vamos discutir um pouco o que seja a consciência e o processo de desenvolvimento de autoconsciência. Todo e qualquer organismo para agir no mundo e suprir suas necessidades de alimentação, abrigo, reprodução se vale dos mecanismos da consciência para se direcionar no ambiente em que vive e alcançar os objetivos que satisfaçam seus desejos, sendo que a referência que cada organismo usa para em suas ações é ele próprio.

Como as demais coisas da natureza a consciência também evolui, basta ver como se deu esse processo na humanidade, de uma espécie semelhante aos chimpanzés que, como os atuais viviam em grupo e, faziam alguns artefatos para facilitar algumas de suas atividades relacionadas a alimentação e defesa foi-se desenvolvendo, fazendo surgir seres cada vez mais complexos devido ao desenvolvimento do cérebro, ao aumento das capacidades de memória e raciocínio, ao desenvolvimento de capacidades motoras mais elaboradas e a articulação da linguagem, capacidade que entre outras coisas, nos possibilita comunicar e transmitir o conhecimento adquirido às gerações futuras, nos tornamos humanos. Entre todos os animais vivos o ser humano é o único capaz de saber, saber que sabe e de poder transmitir isso aos mais jovens.

Este processo levou milhares de anos e agora conforme avança nosso conhecimento dos fenômenos da natureza e das leis físicas, químicas e biológicas que regem o desenvolvimento da vida, podemos aprofundar e compreender melhor nossos vínculos a universos cada vez mais amplos Mas infelizmente as novas noções adquiridas com o desenrolar do aprendizado acumulado durante milhares de anos não corresponderam a uma maior compreensão de quem somos ou o que fazemos aqui. O Homo sapiens chegou ao século XXI com um fabuloso arsenal tecno-científico que facilita sua vida em diversos sentidos mas graças a isso está se tornando num ser mecanizado, automatizado. Como dizem alguns espertos: a maioria dos homens está dormindo, ainda não despertou para a verdade.

Em todas as sociedades e culturas existiram xamãs, sacerdotes, filósofos, profetas, místicos que tinham um conhecimento mais elaborado a respeito do funcionamento do cosmos e procuravam transmitir o que sabiam para um grupo reservado de iniciados. Suas lições davam conta de explicar o mundo de forma mais abrangente do que aquela que há nas aparências das coisas. Cada um à sua maneira procurava esclarecer e passar o que sabia aos seus contemporâneos, mas muito do que sabiam não era divulgado por diversas razões, que iam do medo de revelar segredos “perigosos” aos mais mesquinhos como manter a maioria na ignorância.

Atualmente muito do que era dito pelos antigos está sendo comprovado pela física contemporânea e por alguns biólogos. A física nos elucidou a verdadeira natureza da matéria que nada mais é do que energia e, além disso, está tentando comprovar que tudo o que existe faz parte de um grande campo chamado de “campo unificado, que nada mais é que o princípio primeiro de tudo que existe no universo. como dizem os indianos é o local onde o não manifesto dá origem ao manifesto. Por seu lado a biologia está realizando pesquisas que demonstram que o privilegio da consciência não é somente do ser humano ou dos animais superiores mas é um fenômeno que ocorre também em outros reinos animas. Alguns pesquisadores vão ainda mais longe afirmando que inclusive as partículas elementares da matéria tem algo de consciência, como nos diz o físico Amit Goswami: O universo é autoconsciente através de nós. Em nós, o universo divide-se em dois – em sujeito e objeto. (O Universo Autoconsciente) , porque segundo tenta demonstrar em seu livro toda a matéria do universo age de forma ordenada e parece ter um comportamento consciente.

Sujeito-Objeto um bom começo


Pegando como sugestão essa divisão sujeito-objeto pela qual temos pautado nosso comportamento há milhares de anos temos que ter claro que não se limita somente a relação que temos com o mundo mas também com nós mesmos e neste ponto podemos dar início à discussão sobre o processo de desenvolvimento de nossa consciência enquanto um ser transpessoal.

É através do mundo dualizado que a consciência pode se desenvolver, e pelo contraste entre os opostos nos seja possível tomar conhecimento das diversas manifestações de matéria e vida, sentimentos e energias pulsantes em nosso universo.

Levamos longe demais a objetivação do mundo, pusemos o mundo tão fora e num nível superior a nós que nos perdemos ao longo do caminho e o processo de retorno à nossa verdade interior é doloroso, porque temos que deixar um grande número de valores aprendidos em nosso processo evolutivo pessoal que pouco ou nada tem a ver com as sensações, com a verdade inerente a cada um de nós. Além de romper laços energéticos criados e alimentados durante vários anos, não só ao nível pessoal-familiar mas em outros, temos que romper padrões de pensamento e comportamentais que fazem parte do sistema no qual estamos vivendo.

Em nossa fase atual de evolução e conhecimento de acordo as mais modernas pesquisas na neuro-fisiologia, psicologia e antropologia, podemos concluir que somos todos indivíduos, conscientes, auto-referentes, capazes de escolha e responsáveis pelo que escolhemos. Explicando isso melhor:

Indivíduos – como a própria palavra diz: “não divididos em dois” ou seja somos um ser único, não há, nunca houve ou haverá alguém igual a nós em todo o Universo.

Conscientes – temos uma mente que nos capacita a conhecer e perceber a nós mesmos e a realidade que nos cerca.

Auto-referentes – a referência para nossas ações, atitudes e comportamento são nossas sensações, sentimentos e pensamentos, o meio pelo qual isso é melhor percebido está no processo bioenergético de nosso corpo.

Escolhas – como vivemos num mundo de contrastes somos submetidos a todo momento de nossa vida a escolher aquilo que desejamos fazer a cada instante, baseados em nossas sensações, sentimentos e pensamentos.

Responsáveis – cada escolha realizada acarreta uma série de consequências que podem ser positivas ou negativas a nós. Responsabilidade é nossa habilidade de criar respostas que dependendo de nossas escolhas podem ser favoráveis ou não ao nosso desenvolvimento.

Mas o indivíduo para chegar a realizar todo o potencial inato de humanidade,  precisa passar por um processo de socialização, e neste período de sua vida aprende valores referentes à cultura onde nasce que põe sob véus sua verdadeira natureza. Pelo menos nas sociedades ocidentais somos educados de forma a dar mais importância ao mundo externo, a opinião dos outros, colocamos nossas referências no mundo ao invés de em nós mesmos.

Essa inversão de valores traz consequências horríveis para nosso sistema, pois causa tensões musculares em todo o corpo, formando couraças energéticas que vão impedindo o fluxo livre de nossos sentimentos, causando modificações físicas pelas quais um olho treinado pode perceber qual o tipo de desorientação pela qual o indivíduo está passando. Além do que ocorre ao nível físico temos uma série de repercussões em níveis mais sutis de nosso ser como nos corpos emocional, mental e astral. Como um ser energético qualquer atitude negativa atinge primeiro os níveis mais sutis de nosso ser, que por um mecanismo de defesa vai enviando sinais de alerta através do corpo para que percebamos o que não nos serve mais e mudemos de atitude.

Iniciando a romper os véus


No processo do despertar deve-se buscar reconhecer e aceitar nossa verdade que na maioria das vezes é diferente daquela forma ideal aprendida e exigida pela sociedade. Somos educados equivocadamente desde o início pois só seremos alguém quando crescermos, chegamos ao mundo adulto sem saber exatamente o que seja “ser alguém. Também aprendemos desde cedo um jogo perverso de manipulação que nos tira a integridade, subvertemos nossos sentimentos e emoções em função daquilo que desejamos que os outros façam por nós ou aquilo que queremos que eles pensem a nosso respeito – não podemos nos mostrar como somos, pois há a ilusão de que perderemos a amizade, confiança ou afinidade – para conseguir reconhecimento, atenção e carinho nos deixamos cair na tentação de sermos algo que não somos.

Deixar de lado as crenças e comportamentos automatizados pode ser no início trabalhoso e dolorido, mas conforme vai-se evoluindo se percebe que as nuvens começam a se dissipar e começamos a ver as coisas com mais clareza. Temos que aprender a nos orientar a perceber nossas sensações, deixá-las fluir, aprender a discernir o que elas significam e quais as crenças pelas quais estão sendo moldadas para se necessário modificá-las, caso percebamos que não servem mais para nosso atual estágio de desenvolvimento.

Esse processo de auto-atualização deve ser realizado constantemente, ficando atentos às nossas sensações e como elas atuam em nosso corpo e como fluem através dele durante nossa vida cotidiana para que possamos desenvolver uma ligação consciente com essas sensações que provêm de nosso ser interior e discernir quando estamos agindo de acordo com o que sentimos e quando não. E percebendo que estamos fugindo de nossas emoções devemos procurar descobrir quais as razões que nos levaram a agir daquele modo.

Como disse anteriormente as razões que levam alguém a agir contra seu Ser são construídas no decorrer de seu desenvolvimento no interior da sociedade, e sendo assim o indivíduo deve ser levado a perceber quais das razões impostas pela educação que recebeu lhe servem ou podem ser deixadas de lado. Este é um processo em que temos que deixar claro o que é interno e o que é externo. Quais as forças nas quais o indivíduo dará mais atenção se as que vão realizá-lo ou as que vão colocá-lo a serviço do mundo.

Todos somos perfeitos, o universo não cria nada que não seja perfeito em si mesmo, nós como a parte consciente dele temos todas as ferramentas necessárias ao nosso pleno desenvolvimento enquanto um ser inteiro, integro. Cabe a cada um de nós perceber essas habilidades inatas e desenvolvê-las da melhor maneira possível. A vida é a grande mestra pois a cada nova fase da existência nos são colocadas novas lições, que nos permitem aprender aquilo que será necessária para cada fase de nosso crescimento.

Como diz Caetano – Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é" – e só há uma maneira de descobrir, mergulhando em si, observando em seu cotidiano quais as sensações que percorrem o corpo em cada momento e como elas são decodificadas pela mente. É neste momento, que dura alguns segundos que pode-se fazer a grande magia de transformação, de crescimento. É neste momento que nossa consciência tem condições de verificar qual programação está ativa, qual sua origem, quais as vozes que lhe dão força e se está de acordo com o nível de consciência vivido naquele momento.

Todos somos diferentes pois cada um é uma manifestação única do Um mas em princípio somos todos iguais. Mas para chegar a este entendimento passamos por situações semelhantes de sofrimento e dor que vão destruindo nossas ilusões e nos mostrando a verdade de nossa unicidade. As desgraças pelas quais passamos não são necessários mas foi a forma que escolhemos para evoluir, a partir da evolução de nossa consciência nossa escolha pode ser diferente, basta fortalecer a re-ligação com nossa alma e deixar que ela nos guie.

O jogo de se encontrar é interminável e gratificante, despertar esse desejo do encontro consigo mesmo é uma chama que quando acessa nunca mais se apaga.  Convido você a entrar no jogo. Então, quando vai começar?

 

28/06/2010

Consciência e Espiritualidade

Consciência e Espiritualidade
Santiago Torrente Perez




                              "Religião é a crença na experiência de alguém, Espiritualidade e ter sua própria experiência."
Deepak Chopra
Em qualquer curso que inicio faço uma retrospectiva acerca do desenvolvimento do conhecimento humano, acho importante saber que chegamos até aqui graças ao esforço de bilhões de seres, que antes de nós bem ou mal, acertando e errando, foram construindo o que temos hoje e ao chegar no conhecimento religioso abro um parenteses para esclarecer alguns pontos, pois como digo: “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.  Então temos que: Espiritualidade, Religião e Igreja, são coisas completamente distintas e autônomas uma em relação a outra. Vejamos algumas características de cada uma delas:

- Espiritualidade é algo inerente ao todo cósmico, transcendente, imanente, impessoal, não pode ser visto ou tocado, é imutável e eterno.


- Religião é o que cada cultura ou grupo desenvolve como explicação aos fenômenos do existir, calcada na intuição e crenças em entes transcendentes, descreve formas de contato com o que acredita ser espiritual através de rituais, comportamentos morais, tabus e outras normas. Tem data de nascimento e morte. Sua morte ocorre quando morre o último representante de uma cultura ou do seu mais ardente fiel. Atualmente existem milhares espalhadas pelos quatro continentes, segundo pesquisas são criadas e desaparecem mais ou menos 3000 por ano. 


- Igreja ou templo é o lugar designado pela religião de cada cultura ou grupo onde devem ser realizados os rituais individuais ou coletivos para contato com o que é chamado de espiritual: deuses, orixás, santos e outros. É o lugar onde se fazem as oferendas e demais atividades que supostamente colocam o crente mais próximo à divindade, pode ser: uma igreja, sinagoga, terreiro, na mata, na praia ou qualquer outro espaço desde que esteja de acordo com os cânones propostos pelo código religioso.


Esse discernimento é necessário para iniciarmos um estudo sério acerca do seja cada um desses aspectos ligados a esse assunto. Como é algo polêmico, sempre sugiro que antes se tome uma atitude de suspender por algum tempo nossas crenças, valores e nos permitir ler, ouvir e entender o que outras pessoas tem a dizer sobre isso. Se nos fechamos perdemos a oportunidade de entender e compreender algo melhor e seguir adiante em nossa evolução. 


Temos que ter consciência que entre o que é real e o que acreditamos ser esse real há um espaço que é preenchido com nossas interpretações, ou seja um mundo simbólico que nem sempre é fiel ao que seja o real. Como se trata do universo das ideias que temos do mundo, esse lugar está cheio de erros e ilusões, em primeiro lugar porque como dependemos de nossos sentidos para conhecer a realidade devemos ter claro que eles têm seus limites, captam somente aquilo que nosso cérebro é capaz de processar, deixando de lado uma enorme quantidade de informação por considerá-la desnecessária. As ilusões por sua vez se originam dessas interpretações, estão vinculadas as nossas emoções nos fazendo ver algo que não é verdadeiro como se fosse. Tanto os erros como as ilusões só podem ser suplantados por um esforço consciente pelo qual através do uso de nossa racionalidade nos acercamos mais do que seja verdade.


Um dos aspectos dessa realidade é que cada um de nós pertence, enquanto indivíduo, a uma sociedade na qual somos socializados e incorporamos seus valores, crenças e modos de ser, sentir, agir e pensar e além disso pertencemos também a uma única espécie que graças a sua criatividade criou milhares de culturas, cada uma com suas peculiaridades. Esta noção deveria ampliar o discernimento acerca de nós e de como lidamos com as situações, mas na maioria do tempo nos esquecemos desse nosso pertencimento há algo maior do que nossa rotina nos leva a crer.


No campo que estamos explorando aqui há muito que se trabalhar no sentido de melhor entender o que seja espiritualidade e como podemos fazer para integrar esse aspecto em nosso cotidiano. 


Todas as religiões pregam o amor incondicional ou ágape mas o resultado que podemos ver é quase sempre seu oposto, quando alguém se identifica com algum culto na maioria das vezes age como somente merecesse respeito ou atenção alguém que compartilha das mesmas crenças que as suas, os demais são vistos como desgarrados ou infiéis. Isso no mínimo devia ser encarado com estranheza uma vez que todas as religiões procuram explicar a mesma coisa ou seja a espiritualidade, obviamente cada uma a sua maneira, sendo cada uma delas, na realidade, uma faceta do diamante que decompõe a luz divina. 


Nessa vivência física, como já dito acima, somos conformados por três aspectos diferentes do ser: o da individualidade, o da sociedade e o da espécie, sendo que podemos relacioná-los às três consciências propostas por Bert Hellinger: a consciência individual, a do grupo e a consciência espiritual. Segundo ele a consciência individual é a mais limitada, presa a dualidade Bem-Mal, aceita alguns e exclui outros, a do grupo é um pouco mais ampla em virtude das necessidades de sobreviver e manter sua integridade não exclui, mas abrange apenas os membros vinculados ao grupo, já na consciência espiritual  não há diferenciação entre Bem e Mal e entre quem pertence ou não, afinal todos os indivíduos fazem parte dela.


Alcançar esse tipo de compreensão passa obviamente por um processo de reeducação de nossa personalidade, visando a sua atualização ao nosso atual estágio de evolução tanto individual como coletivo. Não é um processo fácil, já que temos que fazer um esforço para nos desidentificarmos de algumas coisas e nos permitir abrir para outras possíveis alternativas de ser, ou seja buscar ampliar o grau dessa identificação com algo mais abrangente do que nossa consciência ordinária. 


Pensando na frase de Deepak Chopra que abre este artigo, que sugere que a espiritualidade é uma experiência pessoal deveríamos rever nossas crenças e práticas ao restabelecer nosso contato com o que nos torna seres espirituais tendo uma vivência humana. Todas as religiões desenvolveram e buscam transmitir técnicas de contato com esse aspecto ampliado de nosso ser, por exemplo: os diversos rituais de cunho religioso, danças ritualísticas, meditação, oração entre outras que podem ser feitas individual ou coletivamente.


Devemos ter atenção quando praticamos qualquer uma dessas técnicas e verificar como as praticamos. Muitas vezes fazemos esses rituais de forma mecânica, como uma obrigação diária ou semanal, como se estivéssemos conversando com algo fora de nós. A imagem que pode representar isso é a de uma criança mostrando a um adulto como é obediente esperando receber atenção e retribuições, certamente espiritualidade não é isso, já que não há nada nem ninguém fora nos avaliando. A única coisa ou ser que pode estar realizando algum tipo de avaliação e a parte de nós que se conecta ao todo, à fonte de tudo, nossa parte divina enfim. 


Quando realizadas com a devida atenção, essas técnicas apresentam algum tipo de resultado, ou seja devem repercutir em nosso ser e mostrar sua funcionalidade,  por outro lado cabe a nós estarmos atentos em que nível isso acontece: coincidências, sincronicidades, se mudamos algo em nossa personalidade no processo de nos relacionarmos com os outros, se estamos mais equilibrados emocionalmente, se estamos mais saudáveis entre várias outras coisas. O contato espiritual de alguma maneira tem que ser percebido pela consciência, para que seja aumentada nossa fé e confiança no invisível, não de forma supersticiosa, mas fundamentada numa experiência vivida em nossa realidade. 


Quanto mais ampliamos o contato com essa nossa parte interior mais nos conectamos aos aspectos mais elevados do ser, saindo do mundano e nos aproximando do divino. Ao irmos alcançando este discernimento mais percebemos que nossa alma não se apega a nada, é livre, faz o que é certo a cada momento, não se importando se é bom ou mau aos olhos dos demais, por isso ela trai como diz Nilton Bonder em seu livro “Alma Imoral”, pois ela transcende a moral, a lei e normas de conduta humanos. 


Quando nos abrimos a essa postura começamos a entender melhor o processo Vida e as múltiplas influências que existem no tempo e no espaço. Vemos o quanto ela é criativa, nos surpreendendo a cada instante. Ficamos abertos ao mundo e suas belezas, mesmo que em princípio achemos feio, desagradável ou algo semelhante. Não existe mal nem bem, na amplitude e unidade cósmica existe apenas o funcional. Essa também é uma noção que nos ajuda a sair da dualidade e procurar entender as situações a partir de outra perspectiva.